segunda-feira, 3 de maio de 2010

Perseu: nosso herói de verdade

Perseu chegou em meados de 2000 para alegrar as nossas vidas. Ganhou rapidamente esse nome, que eu e meu irmão escolhemos como fãs do clássico "Fúria de Titãs". Perseu, o filho de Zeus, era forte e muito bondoso, características que percebemos imediatamente no mais novo integrante da família Rudiger. Ironicamente, neste ano e neste mês, estréia nos cinemas um remake desse filme. Um novo ator fará o papel do herói no filme... Mas o nosso Perseu, de 4 patas, é único.

<< Perseu novinho, mascando um tênis chulezento. Nessa época eu estava deixando o cabelo crescer (maior estilo Cauby Peixoto).

Como todo bom labrador, era muito esperto, muito bagunceiro e muito babão! Chique no úrtimo, com pedigree e tudo, o que não fazia a menor diferença para ele. O passatempo preferido era morder e segurar sapatos e tênis velhos ou bolas furadas (que ele mesmo furou, é claro!), e brincar de cabo de guerra com alguém. Não largava o que quer que fosse, até você desistir!

Nunca vi alguém gostar tanto de água quanto o Perseu. Se minha mãe ameaçava usar a mangueira para lavar o quintal, lá estava o Perseu doido para começar a morder o jato d'água. No banho então, o bicho se realizava...

Já pra passear, um martírio! Era difícil controlar a força do Perseu em querer sair correndo se ele visse um outro cão na rua. Com o tempo, foi ficando mais sossegado, e minha mãe o acostumou a sair em frente de casa mesmo sem coleira, e ele não fugia mais. Até aparecer um outro cachorro pra ele correr atrás...

Adorava crianças. Mesmo já bem adulto, não podia ver uma, e queria brincar. Não tinha noção nenhuma da força: se deixasse, derrubava criança, adulto, brinquedos, tudo no chão, pra ele sair dando cabeçadas e pulando em cima.

E os pãezinhos? AH, que delícia né Pepe? Adorava esperar a Dona Rosa, nossa vizinha, e encontrá-la na grade que dividia as casas pra filar um pedacinho de pão francês. Comeu tanto que teve que fazer regime uma época...

Ninguém ensinou a dar a pata. Era só sentar ou agachar na altura dele, que lá vinha aquele patão em cima. E não segura pra ver. Ficava batendo a pata até você segurá-la.

 Perseu na contracapa da revista Reino Animal - número 1.
 
Carinho era com ele mesmo. Se começasse a dar tapinhas e afagar, o bicho rolava no chão e ficava com as patas pra cima. E mesmo com aquele tamanho gigante, ficava parecendo um cãozinho filhote, esperando mais carinho.

E os ossos? Todos os açougueiros do bairro já conheciam o Perseu, de tanto osso que minha mãe levava pra casa. Mas não era um osso qualquer não: era cada osso gigante que o bicho ficava uma 1 semana roendo e lambendo até não conseguir tirar mais nada dele...


Se é verdade que cada ano de um cão equivale a 7 anos de um ser humano, Perseu foi embora com mais de 70. Pepe: espero que você tenha gostado da nossa companhia tanto quanto gostamos da sua. Você fez toda a diferença. Não teve um único dia em que você não me esperou no portão quando eu voltava da faculdade ou do trabalho. Não teve um único dia onde você deixou de estampar um grande sorriso nesse focinho. Não teve um dia em que você deixou de trazer felicidade para a nossa família. Foi uma criança feliz durante toda a sua vida, e um adulto muito valente em segurar com tanta força um câncer no fígado e na próstata ao mesmo tempo. PEPE: fizemos tudo que estava ao nosso alcance. Você não podia sofrer mais... PEPE: você não sentirá mais dor. Nunca mais.

Espero te encontrar novamente. Fique com Deus.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Conexão


Dificilmente assisto a filmes em pré-estréias ou logo que entram em cartaz, para não pegar filas e salas cheias. Tampouco a opinião de quem já assistiu um longa costuma me influenciar na decisão de vê-lo ou não no cinema. Com Avatar, porém, ficou difícil manter-se alheio aos comentários positivos de quem já tinha assistido.

Hoje, no aniversário de São Paulo, montei um dia-cinema pra mim, já que não podia ter a companhia da esposa, que trabalha em outra cidade. O primeiro filme foi "Lula - O Filho do Brasil", que valeu à pena simplesmente pelo belíssimo retrato feito da relação entre Lula e sua mãe, Dona Lindu. Um laço de muito amor, respeito e carinho que me trouxe várias lágrimas, cada vez que eu me via com a minha própria mãe.

Depois, Avatar. Não vou traçar muitos comentários sobre a alta qualidade técnica do filme e seus efeitos especiais fantásticos, apenas isto: é difícil descrever tamanha beleza e criatividade. É um filme realmente impressionante.

Você pode ir ao cinema e encontrar em Avatar apenas exemplos clássicos de clichês holywoodianos ou pode curtir o tempo todo os resultados do avanço da computação gráfica. Digo que entrei na sala buscando apenas entretenimento, mas recebi muito mais do que isso.

Na história que serve de pano de fundo para o filme, humanóides nativos do planeta Pandora (os chamados Na'vi) precisam defender sua terra, povo e cultura do ataque de seres humanos que buscam o domínio do ambiente e a extração de um mineral valiosíssimo presente em grande quantidade sob o solo. A partir daí, são muitos os ângulos passíveis de exploração e análise de Avatar, desde comparações imediatas com os históricos de massacres aos índios brasileiros ou americanos, passando por mensagens ambientalistas bacanas e chegando até aos lembretes de respeito aos seus semelhantes (e aos nem tão semelhantes assim...).

No entanto, o que mais me chamou a atenção durante as 2 horas e 36 minutos de Avatar foram as metáforas visuais e simbologias que encontrei para aquilo que, em nossas "vidas reais", não podemos ver com os olhos, mas sim, com a alma: as conexões energético-espirituais entre os seres, e dos seres com a sua força criadora e mantenedora. A forma com que esses elos são buscados e estabelecidos são muito originais, e belos. Os rituais nativos seguem a mesma linha.

Esses momentos em Avatar me tocaram, não por aquele pensamento de montar ou preservar uma sociedade "selvagem, de cultura ímpar e em harmonia com a natureza", mas por trazer à materilização, por tornar visual, de alguma forma, a simples troca de energia. É aquilo que podemos apenas sentir. É aquilo que não é palpável. É aquilo que, muitas vezes, faz a diferença em uma decisão, mesmo que você não perceba. É aquilo de que precisamos para viver melhor, e de que sempre vamos precisar, enquanto utilizarmos o nosso próprio Avatar neste plano.

Assista.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Pé Grande VS Indústria de Calçados

Foi aberta hoje a minha temporada "caça calçados 2010". Os sapatos que uso para trabalhar já pediram a conta, minha querida papete morreu no final de semana retrasado e chinelo já não tenho há tempos, porque a papete fazia a vez dele.

As decisões para as compras neste fim de semana foram: sapatênis para trabalhar, no lugar dos sapatos convencionais, já que posso ir para a empresa de jeans e camisa e eles são mais confortáveis; uma nova papete, fiel companheira das saídas diurnas de fim de semana; e um chinelo tipo rider (sem ser "de dedo"), para o relax total.

Agora, quem disse que um cidadão que calça 43 consegue ter opções de escolha nas lojas, mesmo varrendo 3 shoppings de São Paulo e uma porção de lojas de rua? De 10 modelos da vitrine, só 1 ou 2 você encontra numeração 43, e pode apostar que eles são os mais feios. Porque é o que sobrou.

Conversando com os vendedores, entendi como é feita a distribuição de um determinado modelo de calçado. O fabricante monta uma grade para vender às lojas, mais ou menos assim:

- número 37 (1 unidade)
- número 38 (2 unidades)
- número 39 (3 unidades)
- número 40 (4 unidades)
- número 41 (4 unidades)
- número 42 (4 unidades)
- número 43 (1 unidade)

Agora eu pergunto: pra que isso? Todas as vezes em que eu vou comprar calçado, tem todos os modelos do número 42, e do número 43 nada! E não é por falta de procura. Todos os vendedores dizem o mesmo: "Tem muita gente que vem procurar calçado desse tamanho e sempre reclama que não tem". Então eu gostaria de entender a conta: é melhor ficar com um monte de 41 e 42 no estoque e não vender tudo, do que vender mais sapatos, papetes e chinelos número 43?

E nós, Homens-Sasquatch, ficamos como? Abaixo o preconceito com os pés-grandes! Coloquem mais números 43 nessas grades aí, pô!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

São Silvestre 2009 e mente positiva para 2010!


2009 foi mais um ano de muitas bençãos. Só tenho a agradecer imensamente a Deus pela minha vida e pela energia que Ele controla. Muito obrigado Pai. Agradeço também pelas provas, pois elas nos tornam mais fortes. E para este novo ano que se inicia, peço mais uma vez a sua guia e proteção para mim e para a minha família. Guarde-nos sob as tuas asas; amém.


Essa foto valeu! Com o batedor da polícia bem ao lado, até pareço profissional! Heheh...


Em todo final de ano, correr a São Silvestre já se tornou uma tradição que me faz um bem danado. Preparado ou não para o desafio dos 15km, não deixo de ir. Este ano a prova chegou à 85ª edição, e é a 4ª vez que participo. Mesmo sem ter treinado direito durante o ano, resolvi ir e pegar leve. Ao contrário de 2008 (onde consegui pela primeira vez correr a prova inteira sem parar para andar), fiz um esquema "correr 5km, andar 1,5km". Bora!

Quem só conhece a São Silvestre pela televisão tem apenas uma pequena noção da festa que ela realmente é. Este ano, foram 21.000 inscritos, 1.000 a mais do que nas edições anteriores. E correndo ou acompanhando a prova pessoalmente, você vê muito mais coisas acontecendo do que a TV é capaz de registrar. Ainda mais quando tratamos dos aspirantes a atletas, que, como eu, demoram 2h para completar a prova, e isso já é tempo suficiente para você conhecer muita gente, dar muita risada com os personagens, fantasias e figuraças que estão por lá. Além disso, curtir o trajeto da prova, os pontos turísticos e históricos de São Paulo e suar, suar muito, para lavar o corpo e a alma depois de um ano inteiro, já preparando o mesmo corpo e a mesma alma para um ano novinho que vai se iniciar logo logo, dali a poucas horas.

Terminei a corrida em 14489º lugar e peguei a minha medalha. Mas as melhores conquistas são as lições de vida que você pode tirar durante a prova, se prestar bem atenção ao seu redor. Nessas 4 oportunidades, foi com grande alegria que acompanhei, durante os 2km da famigerada subida da Av. Brigadeiro Luiz Antônio, muitas pessoas que aparentavam ter entre 60 e 80 anos subindo correndo e me deixando bem para trás. Pessoas com vários tipos de limitação ou deficiência física ultrapassando todo mundo! Vi até mesmo um atleta cujos pés eram virados para trás. Vocês são os verdadeiros vencedores!

E o que dizer da música-tema da corrida, que abre o filme "Chariots of Fire - Carruagens de Fogo", sendo executada na hora da largada?! Isso, amigos, é uma emoção realmente indescritível! Um feliz 2010 à todos!